sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

AS LÁGRIMAS QUE COMPENSAM A DOR

Pr. Gomes Silva

Dia 25 de dezembro é feriado para todo mundo no País da “Preguiça”. Não para quem tem responsabilidade no Reino de Deus e faz com amor o que o Senhor ordenou: “Ide”. Assim, fui a João Pessoa na equipe da VINACC com a missão de divulgar o 16º Encontro Para a Consciência Cristã, que acontecerá entre os dias 27 de fevereiro e 4 de março do próximo ano. A meta era alcançar aqueles que foram à Primeira Igreja Batista comemorar o Natal, como realmente aconteceu.

Já no palco, montado ao lado da Igreja, contemplando uma multidão de mais de seis mil pessoas, observo alguns agentes penitenciários. De imediato, nada de desconfiança. O culto segue e inúmeras apresentações são realizadas e cujos hinos alegravam aquele povo com cenas marcantes. Algumas jovens – escoradas no palco - choravam ao contemplar o êxito das colegas em suas apresentações. Mas algo muito mais emocionante estava para acontecer.

O pastor Estevam Fernandes, titular da 1ª Batista, convida o Coral Luz, formado por cinco jovens senhoras: Nataly Maria, Marcia Felix, Deise Elaine, Audilene Silva e Mayara Fragoso. Aquele pastor chama outra pessoa, muito familiar daquelas mulheres. Era a diretora da Penitenciária de Recuperação Feminina Maria Júlia Maranhão, de João Pessoa, Cinthya Almeida. Não agüentei. Comecei a sentir dentro de mim a dor, o sofrimento daquele grupo e, ao mesmo tempo, a alegria de vê-las publicamente dando um testemunho de esperança, de amor e de gratidão ao Deus que tudo pode.

Elas começaram a cantar. Algumas nem conseguiram entrar no tempo certo, tamanha foi a emoção que invadiu o seu ser. O hino muito conhecido, dizia: “Mestre eu preciso de um milagre, transforma minha vida, meu estado...”. Aquele momento foi especial. Homens, que aparentavam ter mais de 50 anos, senhoras de idade, jovens e até pastores que se encontravam no palco, foram às lágrimas.

Isto porque, a mesma emoção que tomou conta do coração de quem já tinha visto a apresentação delas no Tribunal de Justiça do Estado e no Palácio da Redenção, envolvia, ali, uma plateia que foi comemorar o Natal em plena via pública.

Aquelas mulheres destemidas, corajosas e esperançosas saíram de cena, entrando em um carro da Penitenciária para voltarem à realidade prisional. Mesmo assim, os olhos da maioria brilhavam de alegria, de contentamento, numa expressão facial que se podia interpretar assim: As lágrimas da alegria compensam a dor da nossa realidade. 

O carro se foi, mas ficou uma certeza: quando alguém, por mais errado que seja, se pega a Deus e deixa Cristo nascer em sua vida, nova criatura será, pois a palavra inspirada assegura: “Se alguém está em CRISTO, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo...”

Ao coral Luz fica a minha alegria por conhecê-lo e pelo exemplo que me dá: de que ainda é possível ressocializar, valorizando, assim, o ser humano em sua essência.