*Pr.
Gomes Silva
Estamos
em plena efervescência da chamada “Semana Santa”, criada em 325 d.C, quando da
realização do Concílio de Nicéia presidido pelo Imperador Constantino e
organizado pelo Papa Silvestre I. Nela, celebra-se a paixão de Cristo, sua
morte e ressurreição. Só. Para uns, o tempo segue como antes, esperando o
próximo ano para lembrar-se do Salvador com relevo; para os demais, esse é
tão-somente um momento efêmero, já que Jesus, O Cristo, é para sempre e sempre
lembrado, independentemente de períodos festivos.
Na
realidade, celebrar a paixão, morte e ressurreição de Cristo é um ato justo.
Afinal, é um momento significante para o cristianismo. Contudo, a maioria das
pessoas deveria aproveitar esse período para
conhecer mais sobre a pessoa, atributos e o ministério do Salvador do pecador
arrependido (Atos 3:19).
O
leitor incrédulo (ou talvez melhor fosse dito “aquele que ainda não conhece
muito do Salvador”) precisa entendê-lo melhor. Nos livros de Mateus (Mt) e Lucas
(Lc) encontramos relatos do nascimento de Jesus. Ele nasceu de uma virgem,
chamada Maria, na cidade de Belém (Mt 1:18-2:12; Lc 1:26-2:7), conforme já
havia sido dito pelo profeta Isaías (7:14): “Pois o Senhor mesmo vos dará um sinal: A virgem ficará grávida e dará à
luz um filho, e ele se chamará Emanuel” (Almeida Século 21).
Esse
mesmo Emanuel, predito por Isaías, tinha vários títulos no Antigo Testamento: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade e Príncipe da Paz (Isaías 9:6); Renovo (Jeremias 33:15; Zacarias
3:8; Isaías 4:2 – Naquele dia, o renovo
do Senhor será cheio de beleza e glória, e o fruto da terra será o triunfo e a
glória dos sobreviventes de Israel).
Emanuel,
Renovo, Maravilhoso, Príncipe da Paz é o mesmo Jesus Cristo, o Filho de Deus
bendito, enviado por Deus Pai para cumprir a vontade divina e que, embora
nascido de uma virgem, gerado pelo Espírito Santo, conforme instrução inicial
do anjo a Maria, Ele já existia desde a fundação do Mundo, conforme citou o
apóstolo João(Jo): “No princípio era o
Verbo e o Verbo esta com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1:1).
A
respeito do “Verbo”, o teólogo Myer Pearlman (em “Conhecendo as Doutrinas da
Bíblia”, Editora Vida, São Paulo, ano: 1999), diz que “a Palavra de Deus é o
veículo mediante o qual o próprio Deus se comunica com outros seres, e é o meio
pelo qual o Altíssimo expressa seu poder, a sua inteligência e a sua vontade.
Cristo é a Palavra ou Verbo, porque por meio dele tem contato com o mundo. Nós
nos expressamos por meio de palavras; o eterno Deus se expressa a si mesmo por
meio de seu Filho, o qual ‘é o resplendor
da sua glória e a expressão exata do seu ser’ (Hebreus 1:3)”. Como se vê,
Cristo é a Palavra de Deus, demonstrando-o em pessoa. Assim podemos dizer:
Jesus não somente trouxe a mensagem de Deus; Ele é a mensagem de Deus, que a
humanidade precisa.
E
qual a mensagem que o mundo necessita? A de salvação, que só é encontrada na
pessoa bendita de Cristo. Ele mesmo afirmou para os judeus: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8:32 e
36). O mesmo João registra as palavras de Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai a não ser por
mim” (Jo 14:6). Dois textos fora dos sinóticos confirmam o que disse Jesus:
Atos 4:12 – “E em nenhum outro há
salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os
homens, pelo qual devamos ser salvos”; e Paulo afirma ao escrever a sua primeira
carta a Timóteo 2:5 - “Há um só mediador entre Deus e os homens:
Jesus Cristo homem, que se deu em resgate por todos.”
O
mesmo Paulo, ao escrever sua carta aos colossenses (Cl) se referiu a Cristo
como sendo Ele “a imagem do Deus
invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as
coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam
dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para
ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas” (Cl
1:15-17). Acerca dessas declarações paulinas, o escritor de Hebreus (Hb) diz
que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e
sempre” (Hb 13:8). Lendo esses textos com cuidado, pode-se ver claramente a
eternidade de Cristo.
Agora,
temos que reconhecer que o Concílio de Nicéia, de 325 d.C, realizado na
Bitínia, hoje Turquia, teve um momento feliz ao reconhecer as duas naturezas de
Jesus: Humana e divina, como sendo geradas e não criadas, como muitos
incrédulos persistem em afirmar.
Como
homem, Cristo enfrentou os mesmos desafios de nós: trabalhou, sofreu, foi
humilhado, execrado etc. A diferença de outros seres humanos é que Ele não
pecou; como Divino, o irmão uterino de Judas, Tiago, José e de Simão pregou,
ensinou e fez milagres; venceu o mundo (João 16:33) e triunfou diante de seu
mais terrível inimigo: satanás e seu império das trevas, vencendo-o com
palavras (Mt 4:1-11), com seu supremo gesto, o de humilhar-se na cruz do
Calvário, morrendo em lugar do pecador (Mt 27:45-54), com sua ressurreição
triunfal (Mt 28:1-16) e com a sua ascensão aos céus (Atos 1:6-11).
Obviamente,
o homem precisa crer e aceitar que Cristo é Deus, poderoso, criador do céu e da
terra (Jo 1:1) e que Ele é única esperança de salvação para o pecador
arrependido. Caso contrário, o cidadão que não se arrepender e não crer no
Evangelho (Marcos-Mc 1:15), a ira de Deus permanecerá sobre ele (Jo 3:36b) o
que será um desfecho terrível para esse rejeitador da eternidade com Cristo.
Portanto,
que esta semana santa sirva não apenas para as pessoas lembrarem-se do sacrifício,
morte e ressurreição do Divino mestre, mas, principalmente, para conhecerem
mais sobre a humanidade, divindade, eternidade, atributos e obra salvífica de
Jesus Cristo, O Nazareno.
* O autor é estudioso e professor de Teologia Sistemática
* O autor é estudioso e professor de Teologia Sistemática