A Bíblia diz que Deus (Espírito) se fez carne e habitou entre nós
(João 1:14). Jesus Cristo, que é essa encarnação verbal (João 1:1), veio ao
mundo com a mais importante missão de que possa ter conhecimento do Filho do
Altíssimo: Salvar os pecadores arrependidos (Atos 3:19). Contudo, embora seja
invocado como Senhor, Redentor e Salvador, Ele foi vítima de assédio moral,
igualmente ao que acontece a muitas pessoas, que são submetidas a
constrangimentos em seu local de trabalho, em ambientes sociais ou habitar.
Antes, porém, temos o dever de explicitar o que é assédio moral,
porque o assunto é muito vasto, principalmente quando se trata da
aplicabilidade de sentenças, uma vez que no âmbito federal o Brasil ainda não
possui regulamentação jurídica específica com a assinatura do Congresso
Nacional, mas podendo ser o assédio moral julgado por condutas previstas no
artigo 483 da CLT. Ainda é importante observar como se dá a sua concretização
e os prejuízos psicológicos causados à pessoa afetada. Muitos cometem esse pecado e não se dão conta
de que estão extrapolando princípios éticos da boa conduta, da respeitabilidade
e do domínio próprio (Gálatas 5:23).
Independentemente do sexo, assédio moral é um sentimento de ser
ofendido, menosprezado, rebaixado, inferiorizado, culpabilizado, desacreditado
diante dos pares, submetido a constrangimento e ultrajado por outra pessoa. É
sentir-se um nada na vida, desvalorizado e inútil naquilo que faz.
Aliás, quando se trata do ambiente de trabalho, pode-se dizer que
existem diversas categorias de assédio moral. Porém, segundo estudos nessa
área, três deles são os mais recorrentes: Descendente,
considerado o mais comum. É o tipo de assédio que se dá de forma vertical, de
cima (chefia) para baixo (subordinado). Ascendente,
que se dá na ordem vertical, mas de baixo (subordinados) para cima (chefia). Só
que essa situação é muito difícil de surgir porque geralmente sua prática se dá
através de um grupo contra o chefe. E, nesse caso, muitas vezes são pessoas que
ambicionam posição e conseguem levantar um grupo para se opor ao chefe. E por
último, o paritário, que ocorre de
forma horizontal, quando um grupo se isola e assedia um membro, principalmente
quando ele se destaca com frequência perante seus superiores. Se pensarmos na
escola, podemos ver alunos sendo vítimas desse tipo de assédio por se destacar
na sala de aula, por ser o mais querido das meninas ou por obter boas notas em
seus testes de avaliação.
Diante das diferentes definições do termo, conforme referido
acima, podemos afirmar que não existe coisa pior do que ser humilhado (a) em
locais públicos ou em qualquer lugar sem ter (ou mesmo tendo) o direito à
defesa. E às vezes, até sem comprovação alguma para quem comete esse ato reprovável.
O ofendido fica envergonhado, triste, indignado, revoltado, restando-lhe apenas
o desejo de vingança. Jesus Cristo foi submetido a tudo isto; “e como cordeiro
foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante seus tosquiadores, ele não
abriu a boca” (Isaías 53:7) para esboçar qualquer reação a toda aquela
mortificação. Mas, no caso de um ser mortal a situação é diferente, pois o
assédio moral lhe causa três fatores horríveis: Dor, tristeza e sofrimento.
Fico pensando nas inúmeras vezes que vi colegas de trabalho sendo
expostos a situações vexatórias e constrangedoras. Não apenas uma vez, mas
inúmeras. Conheço pessoas, que sempre foram tidas como inteligentes e
competentes no que fazem, porém são derrotadas moral e psicologicamente por
seus superiores, por meio de frases simples de serem pronunciadas repetidamente
pelos causadores desse assédio moral, como: “você é um incompetente”, “você não
serve pra nada”, “você é uma anta”, “tu não sabe fazer nada”, acabam deixando o
rastro de tristeza no coração do humilhado, que se sente forçado a pedir
demissão. Outros se acham tão derrotados que preferem permanecer na empresa
recebendo o “salário humilhação” do que cair fora, pois se acham incapazes de
ser úteis em outro lugar.
Ao retornar ao texto bíblico, lembro-me do que falou o apóstolo
Paulo aos Efésios 4:29: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe
(desonesta, infame, repugnante, obscena, indecente), e sim unicamente a que for
boa para a edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos
que a ouvem”. O biblicista John MacArthur define o termo “torpe” numa visão
cristã dizendo que é “um linguajar indecoroso”, razão pela qual “nunca deve
passar pelos lábios de um seguidor de Cristo, porque está totalmente em
desacordo com a sua nova vida em Cristo”, conforme está escrito no livro de
Colossenses 3:8: “Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira,
indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar” contra o
seu próximo.
Foi nesse falar sem qualquer reverência, cheio de ira e desprezo,
que os soldados prenderam Jesus Cristo. Mas, o pior para o Senhor estava por
dimanar, quando foi levado perante o Sinédrio e acusado de blasfêmia (Mateus
26:65). E ali passaram a cuspir no seu rosto e lhe davam murros, e outros
esbofeteavam, dizendo: Profetiza-nos, ó Cristo, quem é que te bateu! (Mateus
26:67-68).
Mateus registra ainda toda humilhação de Cristo, quando a coorte
romana, que era composta por cerca de 330 à 600 soldados do governador
levaram-no para o pretório, residência oficial de Pilatos em Jerusalém:
“Despojando-o das vezes, cobriram-no com um manto escarlate; tecendo uma coroa
de espinho, puseram-lha na cabeça e, na mão direita, um caniço; e ajoelhando-se
diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus! E, cuspindo nele,
tomaram o caniço e davam-lhe com ele na cabeça. Depois de o terem escarnecido,
despiram-lhe o manto e vestiram com suas
próprias vestes. Em seguida, o levaram para ser crucificado” (Mateus 27:27-31).
O assédio moral a Cristo não parou. No parágrafo seguinte (Mateus
27:33-44), a Bíblia relata que repartiram as vestes de Jesus, tirando sorte.
Colocaram-lhe no meio de dois ladrões e proferiram frases como: “Se tu eis o
Filho de Deus, desce da cruz”, “Salvou os outros, a si mesmo não pode
salvar-se”, “É rei de Israel”!, “Desce da cruz, e creremos nele”.
Embora tenha sido uma estratégia divina (Isaías 53:4-6; João
3:16-21; Filipenses 2:5-11), a humilhação de Cristo serve de exemplo de como
não devemos tratar o próximo com desdenho. Mas, com respeito, pois, por mais
que ele seja inexperiente ou com uma capacidade de assimilação abaixo do normal
para exercer suas funções, não é objeto para ser exposto a ofensas e ao
desprezo.
Ser assediado moralmente é algo inesquecível. Contudo, as vítimas
precisam encontrar forças para superar os traumas. Por que as aflições existem,
a dor no coração é real e a tristeza vem como um “tiro” na auto-estima.
Todavia, olhe para Jesus Cristo que fora vítima de humilhações piores que a
sua. Ele venceu e nós venceremos também deixando nossos fardos sobre o Senhor
(Mateus 11:28-30). E, apesar de João 16:33 estar inserido num contexto de
maldições escatológicas, conforme observação de John MaCarthur, o próprio Jesus
nos exorta a ter ânimo diante das humilhações que sofremos (no dia a dia no trabalho, em casa, na
escola, na igreja – acréscimo meu), dizendo: “Estas coisas vos tenho dito
para que tenhais paz em mim. No mundo, passareis por aflições; mas tende bom
ânimo; eu venci o mundo”.
Então, venha para Jesus Cristo!
Fontes:
ORTLUND JR., Raymond C. Isaías: Deus salva os pecadores. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
GILBERTO, Antônio; et al. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblica de Estudo MaCarthur.
Assédio
Moral no Trabalho. Disponível em: <http://www.assediomoral.ufsc.br>. Acesso
em: 13 mar 2014.
Revisão textual: Pr. Robson Tavares Fernandes (A
quem agradeço imensamente)
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