sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O mito do voto evangélico

A simplificação como o evangélico é tratado na figura de eleitor impressiona. De um lado há os pastores oportunistas que julgam possuir capital político para determinar o voto de suas ovelhas. De outro lado há analistas e cientistas sociais que veem os evangélicos como massa de manobra fácil de ser manipulada. É uma derivação da velha e equivocada doutrina da tabula rasa. A verdade é que os pastores só podem falar por si, assim como os eleitores evangélicos trabalham diversos fatores no voto efetivo. O voto evangélico não é simplista.

O “povo não sabe votar” é a opinião corrente entre grupos de direita, esquerda e também dos anarquistas radicais como black blocs. A bem da verdade é que o voto costuma ser muito racional. Veja que desde a democratização em 1985 nenhum candidato majoritário ganhou com um discurso de ódio, radicalismos, propondo moratória da dívida ou apostando apenas em minorias. O voto brasileiro, mesmo quando dedicado a candidatos à esquerda do espectro político, aponta para uma acomodação conservadora. É a política da prudência. O maior grupo político no Brasil não é o extremo, mas o centro.

O chamado “voto evangélico” é uma abstração. Evidente que entre os evangélicos é possível perceber como os costumes sociais são importantes para a decisão de voto. Agora, repito, não é e nunca foi o principal fator. Em 2008 o principal ministério das Assembleias de Deus em São Paulo apoiava abertamente o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) contra ex-prefeita Marta Suplicy (PT). Numa reunião um pastor falava da importância de votar em Kassab contra a agenda LGBT da senhora Suplicy - papo furado, mas era necessário algum discurso. No final daquela reunião muitos diziam que iam continuar a votar em Marta Suplicy, que na ocasião era popular na periferia de São Paulo, e um dos jovens justificava o voto na petista: “Ela prometeu internet grátis nas praças”. Veja que para aquele jovem evangélico a agenda populista da internet “grátis” era mais importante do que a agenda dos costumes.

O evangélico não é nenhum perigo para a democracia brasileira. Os evangélicos, em geral, não são fundamentalistas, ou seja, não querem subjulgar as instituições do Estado brasileiro ao cristianismo protestante. Grupos defensores de uma espécie de teocracia (teonomia, na linguagem teológica) representam uma minoria. A acomodação secularista do protestantismo impede qualquer adesismo religioso ao Estado. O evangélico é sim conservador, como é a sociedade brasileira. É um conservadorismo um tanto estranho, é verdade, porque abraça com afinco o Estado de bem-estar social. Não é nenhum Tea Party. O conservadorismo também não representa necessariamente perigo à democracia e o nosso país é um exemplo nesse sentido: toda minoria tem espaço de reinvindicações fora da proporção de sua própria população - o que é natural numa democracia sólida.

E outra, na eleição de 2006, a bancada evangélica foi afetada em cheio pela repercussão do escândalo da “Máfia das Sanguessugas", um esquema irregular e imoral de desvio de recursos públicos, especialmente da saúde, por meio da apresentação de emendas parlamentares ao Orçamento. Entre os 72 deputados envolvidos, a maioria da base aliada do Governo Lula, os evangélicos eram 28. Nenhum se reelegeu na eleição daquele ano. Isso mesmo, nenhum deputado evangélico envolvido no escândalo foi reeleito. Povo manipulável?

Todo o texto acima, inclusive o título, é de autoria de Gutierres Fernandes Siqueira, jovem jornalista de 25 anos, editor do blog http://www.teologiapentecostal.com é membro e professor de EBD na Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério Belém em São Paulo (SP).

Ao ler esse texto, lembrei-me de uma entrevista que fiz com o ex-deputado federal Walter Brito Neto, evangélico. Ele parabenizou a Comunidade Evangélica pelos avanços que obteve e a conscientização política adquirida ao longo dos anos. Todavia, condenou envelhecidas práticas, que não podem perdurar por entender que o voto é livre e autônomo do eleitor e que não pode ser trocado por nada.

Infelizmente a troca de voto ainda é uma prática incontestável no Brasil, por mais que haja investigação por parte da Justiça Eleitoral e muitos eleitos já terem perdido mandatos por causa do derrame de dinheiro, geralmente, às vésperas da eleição.

Sabemos que o povo evangélico é inteligente e muito bem orientado pelas suas lideranças. Entrentanto, como em qualquer outra classe social, aqui tem aqueles que não seguem orientação de ninguém e fazem o que a Bíblia condena. Ou seja, se a Palavra de Deus nos exorta a não se meter em práticas proibidas, por que, então, “vender” ou “trocar” o voto, exercício condenado pela Justiça? É neste momento que cada liderança e os membros das igrejas devem praticar o testemunho cristão, conforme preceituado pelas Escrituras. E os crentes, que pleiteiam uma cadeira tanto no executivo quanto no legislativo, precisam entender que aqueles lugares tem os seus desafios e espinhos. Mas é ali mesmo que eles devem ser o testemunho vivo de José de Egito, dizendo não à corrupção e a malversação do dinheiro público.


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Bíblia na escola é um avanço para a sociedade, SIM!

Pr. Gomes Silva

Não me causou nenhuma surpresa a conclusão do pesquisador acadêmico William Jeynes, especializado em educação ao afirmar durante o Conselho de Pesquisa da Família dos Estados Unidos, que o uso da Bíblia Sagrada nas escolas públicas em aulas de literatura e religião poderia ser benéfico à sociedade, conforme informações do Christian Post.

Jeynes defendeu que o retorno do uso da Bíblia nas escolas poderia trazer de volta alguns valores perdidos com o tempo. Como sabemos, desde 1963, a Suprema Corte dos Estados Unidos considera inconstitucional manter as aulas bíblicas em escolas públicas. Isso, sim, me causa surpresa, uma vez que a religião cristã e a Bíblia são partes significantes da história dos EUA.

O pesquisador disse ainda: “Goste ou não, é verdade. A Bíblia tem um lugar especial em nossa sociedade. Ela deve ter um lugar especial em nosso currículo”.

William Jeynes ressaltou que a Bíblia Sagrada tem um conteúdo poderoso de desenvolvimento moral e é uma ferramenta altamente capaz de ensino, pois ajudaria os alunos na compreensão da literatura ocidental como ela é hoje. Mas, não é só no contexto ocidente que a Palavra de Deus se tornaria uma fonte de subsídio para ampliação do conhecimento humano. Ela é uma fonte para o universo.

Não só para os Estados Unidos, mas para todas as demais nações, a Bíblia é um manancial de vida. Ela deveria ser inclusa em todos os currículos escolares, mesmo com a permissão para a utilização de qualquer ouro livro de religião, mesmo porque a Bíblia é incomparável. A palavra de Deus muda o ser humano em todos os sentidos, pois como escreveu o apóstolo Paulo em sua segunda carta a Timóteo, 3:16-17: “Toda a Escritura, divinamente inspirada, é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente habilitado para toda a boa obra”.

Por que o mundo está desorganizado? Guerras? Crescimento exorbitante de casos de prostituição, lesbianismo, homossexualismo, bestialidade, latrocínios, trucidamentos, estelionato, sonegação de impostos, desvio de recursos públicos, adultério, divórcio etc? Porque a maioria das populações mundiais abandonou a observação dos princípios da Palavra de Deus de retidão (=honestidade, integridade, justiça e probidade etc). Quantos hinos nacionais entoados durante a Copa do Mundo no Brasil não contem frases enaltecendo a importância bíblica em suas histórias e, no entanto, muitos desses países estão entregues à miséria moral e espiritual, justamente porque seu povo e, principalmente, suas autoridades estão dizendo sempre “não” para Deus.

O mundo seria diferente se a Palavra de Deus fosse observada e praticada, conforme o conselho do servo de Jesus Cristo, Tiago, capítulo 1, versículos de 22 a 25 – “E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural; Porque se contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de que tal era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito”.

Indiscutivelmente, a Bíblia é a mensagem de Deus para qualquer cidadão, através do qual o Altíssimo se revela ao homem, revela a Sua vontade para ele, e dá resposta a todas as suas dúvidas existenciais. Não importa o que ela esteja vivenciando, o Senhor tem a solução: Seja tribulação na família, problemas com drogas, traumatismo amoroso, profissional, moral ou espiritual. Claro, quando todo é feito para a glória de Deus e não do homem.

No livro de Salmos, capítulo 1º, versículos de 1 a 3, diz: “BEM-AVENTURADO o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará”. Já no Salmo 33, versículo 12, está escrito: “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor(...)”.

Como podemos constatar, a Bíblia no seu todo é uma palavra geral de conhecimento que, quando revelada de forma específica a cada cristão pela pessoa do Espírito Santo, torna-se uma palavra viva e poderosa, que transforma vidas e se torna um veículo de cura, libertação e poder de Deus.

Que a Bíblia seja seu livro preferido e orientação final para suas decisões!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

De quem é o erro?

Pr. Gomes Silva

O ano seguinte a cada processo eleitoral torna-se enfadonho para o eleitor, o mais procurado, o mais desejado, o mais valoroso e a “peça” fundamental para muitos alcançarem seus objetivos nas urnas. Ele “desaparece”. Sai de cena. Não mais é visto com a mesma importância. Enquanto isto os agraciados com a sua confiança ganham notoriedade e passam a buscar seus interesses e, com raríssimas exceções, do grupo populacional.

A frustração por não assistirem às ações convincentes de seus representantes toma conta do íntimo de muitos. Ficam as perguntas: Será que esse eleitor não soube escolher seus preferidos? Mas como saber escolher se a maioria dos que coloca seu nome à apreciação nas urnas se apresenta como solução, porém com outras intenções? Após o pleito, a alegria de muitos eleitos vira frustração para o ex-mais importante e mais procurado no período de caça aos votos. Como se estivesse sentado numa pedra, cedinho, à beira do caminho para o nada, ele começa a refletir a ausência de reconhecimento a sua confiança e perde o “rebolado” para com a política partidária visando às próximas eleições. E o que lhe resta? Caluniar para alguns. Mas será que é calúnia mesmo ou ele tem razão de irritar-se e descarregar suas mágoas de seus supostos representadores? Tal situação fica mais agravante em algumas cidades interioranas, onde os cabos eleitorais faturam alto com promessas de que tais pretendentes são os melhores. O eleitor vota e, em seguida, desaparecerem os tais representantes e os próprios votados que, em muitos casos, não tem mais razão sequer de retornar para agradecer.

Em assim sendo, algumas frases ganham espaço nas redes sociais, principalmente. “Não voto mais”, “a partir de agora vou apenas justificar meu voto”, “vou lá votar nesses mentirosos”, “esses enganadores jamais terão meu voto”. Infelizmente, assim como muitos políticos, a maioria desses frustrados não cumpre a sua palavra e volta a brigar por alguns nomes carimbados nesse ambiente e vota da mesma forma.

Desse jeito, “a política continua ainda mais deprimente, degradante e fétida, onde alguns candidatos ao invés de mostrarem ideias para melhorias e novos projetos, desenvolvimentos sólidos de benefício para a população, estão mais arraigados a calúnia e críticas”, conforme escreveu Chocolate com Pimenta, nome fictício de um amigo internauta (facebook em 13 de agosto de 2012). Ele mesmo disse: “O que podemos esperar do futuro desse país se eleger pessoas que estão tão cobertas dessa lama fétida da mentira e difamação? Chegam de músicas ridículas, santinhos e mentiras... façam-se elegíveis, tenham um projeto de governo maduro e útil, é disso que precisamos. Não de brigas suburbanas e de baixo calão!!!” Essa é uma realidade. Por isso, alguns homens conceituados já deram um tchau para os embates públicos.

Contudo, a culpa não é apenas do candidato descompromissado, não. Temos eleitores folgados por aí afora. Vivem de um lugar para outro, procurando sempre uma próxima “vítima”. São os pedintes de plantão. Eles aproveitam cada situação para explorar. A uns pedem terreno, dinheiro, cimento; a outros reivindicam até a garantia de empregos e etc. E quando não recebem nada – porque hoje muitos eleitos tem perdido o mandato por conta desses favores -, saem malhando os “judas” por onde passam, inclusive mentindo.

Esta é uma das razões para a realização de intensas campanhas para combater a compra de votos, uma prática ainda comum durante as eleições no Brasil. Através do suborno do voto, políticos com maior poder econômico conseguem influenciar de forma considerada não ética um maior número de votantes. A compra de votos é crime no Brasil, mas isso não quer dizer que ela não exista.

É por isso que concordo plenamente com quem acredita que precisamos de candidatos qualificados e de eleitores que não barganhe seus votos. Da forma como está fica difícil encontrar ética em ambas as partes.

Uma coisa é certa: Apesar de toda essa bagaceira nos embates políticos, nem todo político é bandido e descompromissado com a causa pública nem todo eleitor é malandro e cafajeste.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Por que Deus rejeita a procissão?


Pr. Gomes Silva

Na sexta-feira “santa” é peculiar haver em quase todas as cidades do Brasil a chamada “Procissão do Senhor Morto”. Mas de onde vem essa tradição católica?

Estudos de pessoas ligadas à Igreja Católica apontam Portugal, país onde se originou a Procissão do Senhor Morto (ou do Enterro), pela devoção dos fiéis, nos fins do século XV e princípios do século XVI. Seu início se deu em um mosteiro beneditino de Vilar dos Frades, de onde se estendeu a todas as Catedrais e paróquias de Portugal. Esteve esta procissão muito difundida em Portugal e foi seguida durante muitos anos no Rito Romano. Hoje, a procissão é realizada em vários países.

Contudo, antes das manifestações em Portugal, a procissão já era uma prática condenável pelo Senhor. O profeta Isaías, cerca de 700 anos antes de Cristo, registrou no capítulo 45:20 e 22 a rejeição de Deus a esse gesto: “(...) Nada sabem os que carregam em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeiras, e rogam a um deus que não pode salvar. Olhai para mim e sede salvos (...), porque eu sou Deus, e não há outro”.

Ao comentar Isaías 45:20,22 o escritor Raymund C. Ortlund, Jr. (em “Isaías – Deus Salva os Pecadores”, Editora CPAD, Rio de Janeiro, ano: 1999), chama-nos atenção para a maneira como Deus nos convida para repensar a nossa vida e a ter cuidado com os ídolos. 

Segundo Raymund, o problema com nossos ídolos não é que eles se quebram de vez em quando, como objetos domésticos. “O enigma é que eles são completamente inúteis. Quando parece que eles estão nos ajudando, estamos de fato experimentando a bondade de Deus, mas sem agradecer a Ele (Rm 1:21). Não existe vida, nem salvação, nem esperança nenhuma exceto exclusivamente em Deus. Cabe a nós dar as costas aos nosso ídolos inúteis e voltar a procurar o Deus vivo. Se assim fizermos, experimentaremos a salvação, porque Ele não pode deixar de ser Deus para nós. A finalidade da criação e da história é que o Senhor seja glorificado através da nossa salvação, que vem de Deus”, afirma.

Então, fazer procissão e sacrifício a um “senhor morto” não vai sensibilizar o coração do Altíssimo. Primeiro, porque Jesus Cristo não está morto. Vivo Ele estar e no momento certo retornará para buscar a igreja redimida pelo seu sangue (Mateus 25:1-13; 1 Tessalonicenses 4:13-18); segundo, Deus não se agrada de sacrifícios. Em 1° Samuel 15:22-23, o autor do livro escreve: “Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra Dele? eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, do que a gordura de carneiros. porque a rebelião é como o pecado de adivinhação (feitiçaria), e a obstinação é como a iniquidade de idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou, a ti, para que não sejas rei.”

Quando uma pessoa, uma multidão – seja lá quem for -, está incorrendo no erro de sacrificar tempo, dinheiro para “patrocinar” e participar de uma procissão com uma espécie de adorar a deus (com “d” minúsculo) ou até mesmo expondo seu corpo (costa) para ser cortada a base de chicote, como acontece em alguns lugares aqui no Brasil, estão simplesmente praticando idolatria, negando o sacrifício de Jesus e se distanciado ainda mais do Deus Verdadeiro, uma vez que Jesus Cristo já pagou o preço de nossos pecados lá na Cruz.

Portanto, muitos enveredam pelo caminho enganoso ao submeter-se a essas tradições pensando que seus pecados serão perdoados, mas não se submetem à Palavra de Deus, a única que dá ao homem a certeza de salvação: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, disse Jesus (João 8:32). Jesus é essa verdade libertadora (João 8:36), que o homem pecador precisa para ser perdoado, restaurado, regenerado, justificado e salvo.

Concluímos com o que escreveu o apóstolo Paulo aos Romanos 6:15-18 -“Pois quê? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do pecado levando para a morte, ou da obediência levando para a justiça? Mas graças a Deus que, embora tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça”.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Um convite para refletir uma realidade

Pr. Gomes Silva

Quando recebi o convite há poucos dias para assumir uma igreja de grande conceito na Paraíba, instalada em Campina Grande, fiquei a pensar nas palavras de Jesus: “A seara é realmente grande, mas poucos sãos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da Seara que mande ceifeiros para a sua seara” (Mateus 9:37-38 – Almeida, Revista e Corrigida).

Hoje, com raríssimas exceções, os ministérios estão enfrentando sérios problemas para formar lideranças, que liderem sob a égide de Jesus Cristo. A teologia liberal do século XIX, originada da reflexão teológica de Friedrich Schleiermacher (1768 – 1834), é um mau para o qual ainda não se descobriu em fórmula capaz de derrotá-la, pois, a maioria dos que se dizem seguidores de Cristo, envereda por caminhos tortuosos e manchados pela escuridão do pecado e da iniqüidade (Mateus 7:23), acreditando ser isso normal nos novos tempos.

A respeito dessa teologia sinistra, lembro-me de uma entrevista do pastor Luis Sayão concedida ao site da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil www.aliancacongregacional.org.br em 21/05/08, onde condena o liberalismo exacerbado praticado em grande parte das igrejas brasileiras. Ele afirmou: “Existem muitos pastores e professores de teologia que valorizam a hermenêutica sadia e fundamentada nas Escrituras. No entanto, isso nem sempre é verdade. As diversas mensagens disponíveis na mídia sugerem que se pratica muito uma hermenêutica ‘espiritualizante’ e alegórica, que não presta atenção ao significado do texto em seu sentido original. Além disso, alguns púlpitos têm recebido a influência da teologia liberal desconstrucionista pós-moderna, que não acredita que podemos ter acesso ao conteúdo do texto original. A verdade é que neste ponto, a igreja brasileira precisa melhorar e amadurecer”.

O problema é que, com o advento dessa teologia, um número cada vez mais crescente dentro das igrejas vive um cristianismo sem compromisso com o Reino de Deus. Seus membros preferem mais o conforto do lar e das noitadas do que se preocupar com quem caminha para o inferno; preferem mais os cultos de adoração ao homem do que a Deus; estão buscando mais o oba-oba do que a espiritualidade; querem viver um cristianismo mais em função de revelação, promessas e experiências nem sempre com aprovação de Deus do que viver em santificação – separado do pecado e do mundo contrário aos princípios contidos nas Escrituras Sagradas.

Desta forma, encontrar uma pessoa para ser ensinada, preparada e provada para o santo ministério está difícil. Isto porque, o ministério que se preza não vai consagrar uma pessoa se ela não tem convicção da chamada de Deus por quem é vocacionada e capacitada. Muitos já tentaram, mas esbarraram na execução das tarefas. Nem todos querem sair dos grandes centros para trabalhar no interior, enfrentando suor, seca, cultura diferente e os desafios de pregar o Evangelho para pessoas que, além de idólatras em sua maioria, são incrédulas no que se propaga ou perseguidoras a quem prega a mensagem da cruz.

Outro problema gravíssimo enfrentado por várias igrejas é o medo de investir na formação de “obreiros”. Esse medo, em muitos casos, é justificável, uma vez que membros vão a seminários em busca de conhecimento contando com o apoio necessário da sua denominação e quando concluem seus estudos não suportam a pressão de dois ou três salários mínimos para trocar de “quartel”.

No caso deste pequeno servo do Senhor, o convite foi feito porque sempre existiu um bom relacionamento entre as duas partes bem como com os membros da referida igreja, que torceram muito para que desse certo. Ficamos tristes, pois sempre houve um desejo de trabalharmos juntos. Mas, por enquanto permanecemos na CEPEA, comissionado por Deus para trabalhar na restauração de almas desviadas e alcançar tantas outras, que precisam ouvir o evangelho para tomar uma decisão exitosa antes da partida final.

Contudo, agradeço ao ministério, com sede na Grande João Pessoa, pelo reconhecimento ao nosso trabalho, ora realizado em Alagoa Grande. Confesso que não esperava agora. Fico feliz, pois a maneira como prego o evangelho na igreja que estou pastor, é a mesma que tenho me comportado em outras igrejas e em concentrações de ruas onde as pessoas marcam presença com sede de ouvir o evangelho como realmente ele é.

Deus seja contigo!


quinta-feira, 17 de abril de 2014

Só a Semana Santa para lembrar Jesus?

*Pr. Gomes Silva

Estamos em plena efervescência da chamada “Semana Santa”, criada em 325 d.C, quando da realização do Concílio de Nicéia presidido pelo Imperador Constantino e organizado pelo Papa Silvestre I. Nela, celebra-se a paixão de Cristo, sua morte e ressurreição. Só. Para uns, o tempo segue como antes, esperando o próximo ano para lembrar-se do Salvador com relevo; para os demais, esse é tão-somente um momento efêmero, já que Jesus, O Cristo, é para sempre e sempre lembrado, independentemente de períodos festivos.

Na realidade, celebrar a paixão, morte e ressurreição de Cristo é um ato justo. Afinal, é um momento significante para o cristianismo. Contudo, a maioria das pessoas deveria aproveitar esse período para conhecer mais sobre a pessoa, atributos e o ministério do Salvador do pecador arrependido (Atos 3:19).

O leitor incrédulo (ou talvez melhor fosse dito “aquele que ainda não conhece muito do Salvador”) precisa entendê-lo melhor. Nos livros de Mateus (Mt) e Lucas (Lc) encontramos relatos do nascimento de Jesus. Ele nasceu de uma virgem, chamada Maria, na cidade de Belém (Mt 1:18-2:12; Lc 1:26-2:7), conforme já havia sido dito pelo profeta Isaías (7:14): “Pois o Senhor mesmo vos dará um sinal: A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e ele se chamará Emanuel” (Almeida Século 21).

Esse mesmo Emanuel, predito por Isaías, tinha vários títulos no Antigo Testamento: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz (Isaías 9:6); Renovo (Jeremias 33:15; Zacarias 3:8; Isaías 4:2 – Naquele dia, o renovo do Senhor será cheio de beleza e glória, e o fruto da terra será o triunfo e a glória dos sobreviventes de Israel).

Emanuel, Renovo, Maravilhoso, Príncipe da Paz é o mesmo Jesus Cristo, o Filho de Deus bendito, enviado por Deus Pai para cumprir a vontade divina e que, embora nascido de uma virgem, gerado pelo Espírito Santo, conforme instrução inicial do anjo a Maria, Ele já existia desde a fundação do Mundo, conforme citou o apóstolo João(Jo): “No princípio era o Verbo e o Verbo esta com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1:1).

A respeito do “Verbo”, o teólogo Myer Pearlman (em “Conhecendo as Doutrinas da Bíblia”, Editora Vida, São Paulo, ano: 1999), diz que “a Palavra de Deus é o veículo mediante o qual o próprio Deus se comunica com outros seres, e é o meio pelo qual o Altíssimo expressa seu poder, a sua inteligência e a sua vontade. Cristo é a Palavra ou Verbo, porque por meio dele tem contato com o mundo. Nós nos expressamos por meio de palavras; o eterno Deus se expressa a si mesmo por meio de seu Filho, o qual ‘é o resplendor da sua glória e a expressão exata do seu ser’ (Hebreus 1:3)”. Como se vê, Cristo é a Palavra de Deus, demonstrando-o em pessoa. Assim podemos dizer: Jesus não somente trouxe a mensagem de Deus; Ele é a mensagem de Deus, que a humanidade precisa.

E qual a mensagem que o mundo necessita? A de salvação, que só é encontrada na pessoa bendita de Cristo. Ele mesmo afirmou para os judeus: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8:32 e 36). O mesmo João registra as palavras de Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (Jo 14:6). Dois textos fora dos sinóticos confirmam o que disse Jesus: Atos 4:12 – “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”; e Paulo afirma ao escrever a sua primeira carta a Timóteo 2:5 -  “Há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo homem, que se deu em resgate por todos.”

O mesmo Paulo, ao escrever sua carta aos colossenses (Cl) se referiu a Cristo como sendo Ele “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas” (Cl 1:15-17). Acerca dessas declarações paulinas, o escritor de Hebreus (Hb) diz que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre” (Hb 13:8). Lendo esses textos com cuidado, pode-se ver claramente a eternidade de Cristo.

Agora, temos que reconhecer que o Concílio de Nicéia, de 325 d.C, realizado na Bitínia, hoje Turquia, teve um momento feliz ao reconhecer as duas naturezas de Jesus: Humana e divina, como sendo geradas e não criadas, como muitos incrédulos persistem em afirmar.

Como homem, Cristo enfrentou os mesmos desafios de nós: trabalhou, sofreu, foi humilhado, execrado etc. A diferença de outros seres humanos é que Ele não pecou; como Divino, o irmão uterino de Judas, Tiago, José e de Simão pregou, ensinou e fez milagres; venceu o mundo (João 16:33) e triunfou diante de seu mais terrível inimigo: satanás e seu império das trevas, vencendo-o com palavras (Mt 4:1-11), com seu supremo gesto, o de humilhar-se na cruz do Calvário, morrendo em lugar do pecador (Mt 27:45-54), com sua ressurreição triunfal (Mt 28:1-16) e com a sua ascensão aos céus (Atos 1:6-11).

Obviamente, o homem precisa crer e aceitar que Cristo é Deus, poderoso, criador do céu e da terra (Jo 1:1) e que Ele é única esperança de salvação para o pecador arrependido. Caso contrário, o cidadão que não se arrepender e não crer no Evangelho (Marcos-Mc 1:15), a ira de Deus permanecerá sobre ele (Jo 3:36b) o que será um desfecho terrível para esse rejeitador da eternidade com Cristo.

Portanto, que esta semana santa sirva não apenas para as pessoas lembrarem-se do sacrifício, morte e ressurreição do Divino mestre, mas, principalmente, para conhecerem mais sobre a humanidade, divindade, eternidade, atributos e obra salvífica de Jesus Cristo, O Nazareno.

* O autor é estudioso e professor de Teologia Sistemática

quarta-feira, 26 de março de 2014

O que está acontecendo à igreja evangélica?

Pr. Gomes Silva

O Brasil é um país rico. Todos nós sabemos disso. Contudo, a má distribuição de renda, o afrouxamento moral, a falta de segurança, os escândalos na administração pública e as pizzas mantidas no Congresso Nacional deixam o país numa situação vexatória, principalmente quando outras nações lhe olham às vésperas de grandes eventos esportivos, reunindo atletas de todos os continentes. Os pressentimentos negativos têm suas justificativas. Uma delas são as “mortificinas” noticiadas constantemente pela chamada grande Imprensa Brasileira. Isso preocupa o mundo.

Mas tudo isto está inserido nas Escrituras. No livro de Oséias, no Antigo Testamento, capítulo 4, versículos de 1 a 2, diz: “Ouvi a palavra do Senhor, vós, filhos de Israel; pois o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra; porque na terra não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus. Só prevalecem o perjurar, o mentir, o matar, o furtar, e o adulterar; há violências e homicídios sobre homicídios”.

Mas, apesar de propagar seu afastamento desse mundo tirano que se opõe a Deus e a sua palavra, a igreja (ekklesia) evangélica, a brasileira, também enfrenta uma crise sem precedência, sobretudo no aspecto teológico-administrativo. Essa conjuntura é inegável. O evangelho deixou de ser exercitado na sua essência para dá lugar a uma mensagem sem vida e regulada pelo “tudo pode”, pelo “não-pode-mexer”, pelo “faz-de-conta”, por um culto gospel gripado (sem expressão espiritual). O problema é tão sério que uma das frases mais ouvidas em algumas comunidades evangélicas descompromissadas com a verdade sobre o Reino de Deus, é: “tudo é relativo”.

O mundo pecador - como exemplifiquei no intróito -, está se destruindo por si só. Entretanto, o mundo espiritual também está sendo afetado por uma abordagem fria e mortífera de um evangelho positivista, sem vida e sem eternidade em Jesus, O Cristo ressuscitado.

O tirocínio desse evangelho sem cruz ganha mais adeptos diariamente. Todavia, esses seguidores estão sendo empurrados para mais próximos dos anjos caídos, que esperam tão-somente o dia em que serão lançados no fogo do inferno (1 Coríntios 6:9-11 e Apocalipse 21:8).

Isso me faz lembrar o que escreveu o estudioso Izaldil Tavares de Castro, assegurando que “uma crise não é o fim, não é o intransponível. Crise é o elo entre duas partes do trajeto. É uma situação que impõe ao homem ou ao grupo a definição de como prosseguir em busca de um fim, após as correções exigidas”.

O que temos visto é uma sociedade travestida de “democrática”, tentando desestabilizar os princípios de vida para o ser humano tendo como base de firmação a Palavra de Deus. É inegável a existência de uma manobra para instabilizar o papel preponderante da Igreja de Cristo na educação, instrução, repreensão e na formação de verdadeiros cidadão (2 Timóteo 3:16), que dignificam a coletividade aperfeiçoada pela seriedade intelectual.

Essa sociedade vai mudar quando o povo de Deus compreender e viver Mateus 5:14 “Vós sois a luz do mundo...), sendo exemplo de pai, de mãe, de filhos, de patrões, de pagadores, de obediência a superiores e de cumpridores de seus deveres e de homens prósperos sem apagar a luz dos outros para a sua própria brilhar. O mundo pecador precisa ver a diferença no povo que diz ser de Deus.

A nossa alegria, no entanto, é justamente saber que essa crise que assola a igreja evangélica não dura para sempre, pois o Senhor Jesus Cristo afirmou que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” – Mateus 16:18. Quero afirmar, baseado nesse texto Mateus, que, por mais que a igreja, formada de redimidos pelo sangue do Cordeiro – João 1:29, enfrente os déspotas contemporâneos; não tenha o devido respeito dos depravados e imorais; e seja vítima dos charlatões inconversos e infiltrados nos rebanhos; dos liberais e do relativismo jamais será motivo de alegria para o diabo e seus asseclas, que lutam desesperadamente para tirar o seu sentido da terra dos viventes. 

Não há dúvida. Temos condição, sim, de mudar essa realidade. Então o que falta para isto acontecer? Faltam sensibilidade e seriedade na vida de muitas lideranças, que estão fazendo a Obra de Deus descompromissadamente com as recomendações das Escrituras. Além disso, devem elas se despir do orgulho, da soberba, da sua altivez ministerial e se unirem em torno da moralidade da igreja, passando ela a viver autenticamente, conforme explícito na Palavra de Deus.


Lembre-se: Deus é o Senhor da Igreja, que em sua natureza é una, santa, universal (não tem nada a ver com aquela outra), e apostólica.

sábado, 15 de março de 2014

Jesus Cristo e o assédio moral

A Bíblia diz que Deus (Espírito) se fez carne e habitou entre nós (João 1:14). Jesus Cristo, que é essa encarnação verbal (João 1:1), veio ao mundo com a mais importante missão de que possa ter conhecimento do Filho do Altíssimo: Salvar os pecadores arrependidos (Atos 3:19). Contudo, embora seja invocado como Senhor, Redentor e Salvador, Ele foi vítima de assédio moral, igualmente ao que acontece a muitas pessoas, que são submetidas a constrangimentos em seu local de trabalho, em ambientes sociais ou habitar.


Antes, porém, temos o dever de explicitar o que é assédio moral, porque o assunto é muito vasto, principalmente quando se trata da aplicabilidade de sentenças, uma vez que no âmbito federal o Brasil ainda não possui regulamentação jurídica específica com a assinatura do Congresso Nacional, mas podendo ser o assédio moral julgado por condutas previstas no artigo 483 da CLT. Ainda é importante observar como se dá a sua concretização e os prejuízos psicológicos causados à pessoa afetada.  Muitos cometem esse pecado e não se dão conta de que estão extrapolando princípios éticos da boa conduta, da respeitabilidade e do domínio próprio (Gálatas 5:23).

Independentemente do sexo, assédio moral é um sentimento de ser ofendido, menosprezado, rebaixado, inferiorizado, culpabilizado, desacreditado diante dos pares, submetido a constrangimento e ultrajado por outra pessoa. É sentir-se um nada na vida, desvalorizado e inútil naquilo que faz.

Aliás, quando se trata do ambiente de trabalho, pode-se dizer que existem diversas categorias de assédio moral. Porém, segundo estudos nessa área, três deles são os mais recorrentes: Descendente, considerado o mais comum. É o tipo de assédio que se dá de forma vertical, de cima (chefia) para baixo (subordinado). Ascendente, que se dá na ordem vertical, mas de baixo (subordinados) para cima (chefia). Só que essa situação é muito difícil de surgir porque geralmente sua prática se dá através de um grupo contra o chefe. E, nesse caso, muitas vezes são pessoas que ambicionam posição e conseguem levantar um grupo para se opor ao chefe. E por último, o paritário, que ocorre de forma horizontal, quando um grupo se isola e assedia um membro, principalmente quando ele se destaca com frequência perante seus superiores. Se pensarmos na escola, podemos ver alunos sendo vítimas desse tipo de assédio por se destacar na sala de aula, por ser o mais querido das meninas ou por obter boas notas em seus testes de avaliação.

Diante das diferentes definições do termo, conforme referido acima, podemos afirmar que não existe coisa pior do que ser humilhado (a) em locais públicos ou em qualquer lugar sem ter (ou mesmo tendo) o direito à defesa. E às vezes, até sem comprovação alguma para quem comete esse ato reprovável. O ofendido fica envergonhado, triste, indignado, revoltado, restando-lhe apenas o desejo de vingança. Jesus Cristo foi submetido a tudo isto; “e como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Isaías 53:7) para esboçar qualquer reação a toda aquela mortificação. Mas, no caso de um ser mortal a situação é diferente, pois o assédio moral lhe causa três fatores horríveis: Dor, tristeza e sofrimento.

Fico pensando nas inúmeras vezes que vi colegas de trabalho sendo expostos a situações vexatórias e constrangedoras. Não apenas uma vez, mas inúmeras. Conheço pessoas, que sempre foram tidas como inteligentes e competentes no que fazem, porém são derrotadas moral e psicologicamente por seus superiores, por meio de frases simples de serem pronunciadas repetidamente pelos causadores desse assédio moral, como: “você é um incompetente”, “você não serve pra nada”, “você é uma anta”, “tu não sabe fazer nada”, acabam deixando o rastro de tristeza no coração do humilhado, que se sente forçado a pedir demissão. Outros se acham tão derrotados que preferem permanecer na empresa recebendo o “salário humilhação” do que cair fora, pois se acham incapazes de ser úteis em outro lugar.

Ao retornar ao texto bíblico, lembro-me do que falou o apóstolo Paulo aos Efésios 4:29: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe (desonesta, infame, repugnante, obscena, indecente), e sim unicamente a que for boa para a edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que a ouvem”. O biblicista John MacArthur define o termo “torpe” numa visão cristã dizendo que é “um linguajar indecoroso”, razão pela qual “nunca deve passar pelos lábios de um seguidor de Cristo, porque está totalmente em desacordo com a sua nova vida em Cristo”, conforme está escrito no livro de Colossenses 3:8: “Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar” contra o seu próximo.

Foi nesse falar sem qualquer reverência, cheio de ira e desprezo, que os soldados prenderam Jesus Cristo. Mas, o pior para o Senhor estava por dimanar, quando foi levado perante o Sinédrio e acusado de blasfêmia (Mateus 26:65). E ali passaram a cuspir no seu rosto e lhe davam murros, e outros esbofeteavam, dizendo: Profetiza-nos, ó Cristo, quem é que te bateu! (Mateus 26:67-68).

Mateus registra ainda toda humilhação de Cristo, quando a coorte romana, que era composta por cerca de 330 à 600 soldados do governador levaram-no para o pretório, residência oficial de Pilatos em Jerusalém: “Despojando-o das vezes, cobriram-no com um manto escarlate; tecendo uma coroa de espinho, puseram-lha na cabeça e, na mão direita, um caniço; e ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus! E, cuspindo nele, tomaram o caniço e davam-lhe com ele na cabeça. Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto e  vestiram com suas próprias vestes. Em seguida, o levaram para ser crucificado” (Mateus 27:27-31).

O assédio moral a Cristo não parou. No parágrafo seguinte (Mateus 27:33-44), a Bíblia relata que repartiram as vestes de Jesus, tirando sorte. Colocaram-lhe no meio de dois ladrões e proferiram frases como: “Se tu eis o Filho de Deus, desce da cruz”, “Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se”, “É rei de Israel”!, “Desce da cruz, e creremos nele”.

Embora tenha sido uma estratégia divina (Isaías 53:4-6; João 3:16-21; Filipenses 2:5-11), a humilhação de Cristo serve de exemplo de como não devemos tratar o próximo com desdenho. Mas, com respeito, pois, por mais que ele seja inexperiente ou com uma capacidade de assimilação abaixo do normal para exercer suas funções, não é objeto para ser exposto a ofensas e ao desprezo.

Ser assediado moralmente é algo inesquecível. Contudo, as vítimas precisam encontrar forças para superar os traumas. Por que as aflições existem, a dor no coração é real e a tristeza vem como um “tiro” na auto-estima. Todavia, olhe para Jesus Cristo que fora vítima de humilhações piores que a sua. Ele venceu e nós venceremos também deixando nossos fardos sobre o Senhor (Mateus 11:28-30). E, apesar de João 16:33 estar inserido num contexto de maldições escatológicas, conforme observação de John MaCarthur, o próprio Jesus nos exorta a ter ânimo diante das humilhações que sofremos (no dia a dia no trabalho, em casa, na escola, na igreja – acréscimo meu), dizendo: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passareis por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”.

Então, venha para Jesus Cristo!
Fontes:
ORTLUND JR., Raymond C. Isaías: Deus salva os pecadores. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
GILBERTO, Antônio; et al. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblica de Estudo MaCarthur.
Assédio Moral no Trabalho. Disponível em: <http://www.assediomoral.ufsc.br>. Acesso em: 13 mar 2014.

Revisão textual: Pr. Robson Tavares Fernandes (A quem agradeço imensamente)


domingo, 23 de fevereiro de 2014

Divórcio e a Bíblia


+Definição: “Divórcio é um substantivo masculino e cuja origem é latina (divortiu), significando dissolução absoluta do vínculo conjugal, ou o destrato da sociedade entre cônjuge, ocasionando desunião, separação, desacordo e desavença”.
Eis um assunto que rende muitos comentários e às vezes até arredios da verdade. Para melhor aclarar as mentes libertinas e insubmissas aos escritos sagrados, precisamos recorrer à Palavra de Deus (autoridade máxima no assunto), aos pais da igreja, à ortodoxia oriental e até à psicologia.

Agostinho, um dos pais da igreja, e a quem muitos devem o desenvolvimento do conceito de casamento como sacramento, acreditava que ele era indissolúvel no sentido de uma obrigação moral de permanência: “O casamento não deve ser dissolvido”. Já a tradição da Igreja Ortodoxa Oriental de hoje introduziu o conceito de divórcio como sendo a “morte moral” de um casamento.

Para a psicologia, o divorcio é uma perda significativa, até mesmo para a pessoa que teve a iniciativa de exigi-lo, pois precisará de uma dose extra de capacidade para adaptar-se às novas situações.

O divórcio é uma experiência altamente estressante e, sendo assim, pode surgir como resposta a este estresse sintomas como depressão, ansiedade, síndrome do pânico, hostilidade, medo, raiva, abuso de álcool ou drogas - dependência química, etc.

A taxa de divórcio no Brasil é alta. Para se ter uma idéia, o número quase dobrou, passando de 1,7%, em 2000, para 3,1% em 2010. Os números fazem parte de novos dados do Censo 2010, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já em 2011, Número chegou a 351.153, um crescimento de 45,6% em relação a 2010.

Mas, afinal, divórcio é bíblico ou não? A infalível Palavra de Deus esclarece com precisão essa dúvida que perdura no coração de muitos desprovidos de conhecimento exato acerca do tema. E nada melhor do que recorrer ao próprio Jesus Cristo.

Cristo - o nosso orientador - foi perguntado certa vez pelos fariseus: por que Moisés mandou dar uma certidão de divórcio à mulher e mandá-la embora? Então Ele respondeu: Moisés permitiu que vocês se divorciassem de suas mulheres por causa da dureza de coração de vocês. Mas não foi assim desde o princípio. Eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério. Como se ler, Jesus Cristo não libera o divórcio. Antes, faz um grave alerta para quem se divorcia...

Ainda em Mateus 5:52-53, o Filho de Deus diz:
"Mas eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, faz que ela se torne adúltera e quem se casar com a mulher divorciada estará cometendo adultério".

O "exceto por imoralidade" pode estar ligado a "se torne adúltera" ou " estará cometendo adultério" (futuro), ou seja, "a menos que já seja adultero(a) irá se tornar adultero ao recasar", no caso de já ser adúltero, mesmo que não case novamente, continuará sendo adúltero.

Na cultura brasileira, para não ir muito longe, o que se vê são pessoas se casando por experiência, já pensando na possibilidade do divórcio, caso o relacionamento não atinja suas expectativas enquanto mulher ou marido. Eles esquecem que casamento é uma instituição criada por Deus, onde duas pessoas de sexo diferente se unem para sempre – até que a morte os separe.

Esse problema seriíssimo “invadiu” igrejas evangélicas, ganhou notoriedade e hoje quem age como Deus determinou são considerados os errados enquanto os liberais se acham no direito de deturpar a Palavra de Deus com interpretações errôneas utilizando uma “hermenêutica” letal espiritualmente.

É verdade que o divórcio é um dos temas mais debatidos e indefinidos nas igrejas, principalmente nas evangélicas, que deveriam ser um exemplo em matéria de cumprimento das Escrituras. Pouquíssimas são as denominações que não admitem, em hipótese alguma, a dissolução do casamento e um novo matrimônio. Contudo, a maioria se mostra flexível, esquecendo do que disse Jesus: “O que Deus uniu não o separe o homem” – Mateus 19:6.

Para Jesus, o divórcio não pode acontecer por qualquer motivo. Não foi por acaso que o Mestre disse em Lucas 16:18 – “Todo aquele que se divorcia de sua mulher e casa com outra comete adultério; e quem casa com a divorciada também comete adultério”.

O que incomoda a muita gente, principalmente os liberais, é quando o apóstolo Paulo diz que os adúlteros não herdarão o Reino de Deus: “Não vos enganeis: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem os que se submetem a práticas homossexuais, nem os ladrões (...) herdarão o Reino de Deus” – 1 Coríntios 6:9.

Mas existem aqueles que se divorciam pensando em novo casamento. A esses, Paulo exorta a não se separar estando casado. Se isto acontecer, deve permanecer sem casar uma segunda vez, a não ser que um dos cônjuges mora:

“Ordeno aos casados, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe de seu marido. Se, porém, se separar que não se case, ou que se reconcilie com o marido. E que o marido não se divorcie da mulher. Porque a mulher está ligada ao marido enquanto ele vive (e vice-versa, na minha modesta interpretação). Mas se o marido morrer, ela ficará livre para se casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor” – 1 Coríntios 7:10-11 e 39.

Por isto, fica claro: o divorcio não tem aprovação de Deus nem das pessoas que conhecem a Palavra inspirada pelo Senhor através do Espírito Santo; o casamento deve ser realizado sempre sob a perspectiva do “até que a morte separe o casal”; e não há divórcio indolor. Dor, trauma, desilusão, ódio, angústia e tantos outros fatores podem ser o resquício de uma separação conjugal.

Agora deixo algumas sugestões à igreja (seja ela evangélica ou não): dê ênfase aos ensinamentos bíblicos sobre casamento e a sua importância para a sociedade divorciada do liberalismo exacerbado; combata os valores propagados pela mídia, que só trazem incentivo ao divórcio e à degradação aos princípios da palavra de Deus, sobretudo, neste caso, no tocante à família; crie programas que ensinem a importância da durabilidade do casamento, pois, como se sabe, a maioria das igrejas define sua posição a respeito do divórcio baseada mais em estatutos e normas do que naquilo que a Bíblia realmente diz.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

PAUL WASHER É DEUS...?

Não. E nunca será. Paul Washer é um homem simples e biblicamente exigente como qualquer outro sério expositor do Evangelho de Cristo. Seu testemunho de vida e o que prega ratificam justamente ele para fazer valer o que dizem as Escrituras.
 
Às vezes a inveja leva alguém a ter essa compreensão, visto que, para onde ele vai leva multidão a ouvi-lo. Mas o que acontece com ele é fácil de explicar. Hoje em dia existe uma lavra de “pregadores”, que se dizem usados por Deus. No entanto, seu testemunho, sua linha de pensamento, seu liberalismo e sua ganância financeira assoalham que os tais nunca nasceram de novo e se distanciam dos que preferem ouvir o evangelho pleno.
 
Paul Washer tem sido um diferencial entre os pregadores da atualidade. Suas mensagens são fortes e enfáticas na centralidade do evangelho da salvação. Suas declarações são um tormento para os adeptos da teologia da prosperidade e para os que defendem o liberalismo bíblico. Em uma de suas mensagens, transformada em livro, “O Verdadeiro Evangelho”, ele afirma que Deus abomina o pecado e o pecador, baseando-se no texto de salmo 7:12, que diz: “Se o homem não se converter, Deus afiará a sua espada...”
 
Aquele missionário americano atrai grandes públicos às suas pregações não é porque quer ser Deus ou imitar profetas como Isaías ou Jeremias. Nada disso. O povo procura ouvir suas mensagens porque realmente são bíblicas, edificantes e sem massagear egos orgulhosos e liberais.
 
E não temos dúvidas de que sua vinda a Campina Grande (PB) como palestrante do 16º Encontro Para a Consciência Cristã será uma das razões pelas quais inúmeras caravanas virão de outras partes do País, todas formadas em sua maioria por jovens que o acompanham pela Rede Mundial de Computadores, onde ele tem vídeos com mais de dois milhões de acessos. Grande parte dos hotéis está lotada e as hospedagens alternativas não estão sendo suficientes para aglomerar o número de grupos evangélicos que já solicitaram espaço.
 
Paul Washer não é Deus, mas sim um servo e fiel pregador do evangelho da salvação. Essa é a diferença!