quinta-feira, 17 de abril de 2014

Só a Semana Santa para lembrar Jesus?

*Pr. Gomes Silva

Estamos em plena efervescência da chamada “Semana Santa”, criada em 325 d.C, quando da realização do Concílio de Nicéia presidido pelo Imperador Constantino e organizado pelo Papa Silvestre I. Nela, celebra-se a paixão de Cristo, sua morte e ressurreição. Só. Para uns, o tempo segue como antes, esperando o próximo ano para lembrar-se do Salvador com relevo; para os demais, esse é tão-somente um momento efêmero, já que Jesus, O Cristo, é para sempre e sempre lembrado, independentemente de períodos festivos.

Na realidade, celebrar a paixão, morte e ressurreição de Cristo é um ato justo. Afinal, é um momento significante para o cristianismo. Contudo, a maioria das pessoas deveria aproveitar esse período para conhecer mais sobre a pessoa, atributos e o ministério do Salvador do pecador arrependido (Atos 3:19).

O leitor incrédulo (ou talvez melhor fosse dito “aquele que ainda não conhece muito do Salvador”) precisa entendê-lo melhor. Nos livros de Mateus (Mt) e Lucas (Lc) encontramos relatos do nascimento de Jesus. Ele nasceu de uma virgem, chamada Maria, na cidade de Belém (Mt 1:18-2:12; Lc 1:26-2:7), conforme já havia sido dito pelo profeta Isaías (7:14): “Pois o Senhor mesmo vos dará um sinal: A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e ele se chamará Emanuel” (Almeida Século 21).

Esse mesmo Emanuel, predito por Isaías, tinha vários títulos no Antigo Testamento: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz (Isaías 9:6); Renovo (Jeremias 33:15; Zacarias 3:8; Isaías 4:2 – Naquele dia, o renovo do Senhor será cheio de beleza e glória, e o fruto da terra será o triunfo e a glória dos sobreviventes de Israel).

Emanuel, Renovo, Maravilhoso, Príncipe da Paz é o mesmo Jesus Cristo, o Filho de Deus bendito, enviado por Deus Pai para cumprir a vontade divina e que, embora nascido de uma virgem, gerado pelo Espírito Santo, conforme instrução inicial do anjo a Maria, Ele já existia desde a fundação do Mundo, conforme citou o apóstolo João(Jo): “No princípio era o Verbo e o Verbo esta com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1:1).

A respeito do “Verbo”, o teólogo Myer Pearlman (em “Conhecendo as Doutrinas da Bíblia”, Editora Vida, São Paulo, ano: 1999), diz que “a Palavra de Deus é o veículo mediante o qual o próprio Deus se comunica com outros seres, e é o meio pelo qual o Altíssimo expressa seu poder, a sua inteligência e a sua vontade. Cristo é a Palavra ou Verbo, porque por meio dele tem contato com o mundo. Nós nos expressamos por meio de palavras; o eterno Deus se expressa a si mesmo por meio de seu Filho, o qual ‘é o resplendor da sua glória e a expressão exata do seu ser’ (Hebreus 1:3)”. Como se vê, Cristo é a Palavra de Deus, demonstrando-o em pessoa. Assim podemos dizer: Jesus não somente trouxe a mensagem de Deus; Ele é a mensagem de Deus, que a humanidade precisa.

E qual a mensagem que o mundo necessita? A de salvação, que só é encontrada na pessoa bendita de Cristo. Ele mesmo afirmou para os judeus: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8:32 e 36). O mesmo João registra as palavras de Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (Jo 14:6). Dois textos fora dos sinóticos confirmam o que disse Jesus: Atos 4:12 – “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”; e Paulo afirma ao escrever a sua primeira carta a Timóteo 2:5 -  “Há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo homem, que se deu em resgate por todos.”

O mesmo Paulo, ao escrever sua carta aos colossenses (Cl) se referiu a Cristo como sendo Ele “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas” (Cl 1:15-17). Acerca dessas declarações paulinas, o escritor de Hebreus (Hb) diz que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre” (Hb 13:8). Lendo esses textos com cuidado, pode-se ver claramente a eternidade de Cristo.

Agora, temos que reconhecer que o Concílio de Nicéia, de 325 d.C, realizado na Bitínia, hoje Turquia, teve um momento feliz ao reconhecer as duas naturezas de Jesus: Humana e divina, como sendo geradas e não criadas, como muitos incrédulos persistem em afirmar.

Como homem, Cristo enfrentou os mesmos desafios de nós: trabalhou, sofreu, foi humilhado, execrado etc. A diferença de outros seres humanos é que Ele não pecou; como Divino, o irmão uterino de Judas, Tiago, José e de Simão pregou, ensinou e fez milagres; venceu o mundo (João 16:33) e triunfou diante de seu mais terrível inimigo: satanás e seu império das trevas, vencendo-o com palavras (Mt 4:1-11), com seu supremo gesto, o de humilhar-se na cruz do Calvário, morrendo em lugar do pecador (Mt 27:45-54), com sua ressurreição triunfal (Mt 28:1-16) e com a sua ascensão aos céus (Atos 1:6-11).

Obviamente, o homem precisa crer e aceitar que Cristo é Deus, poderoso, criador do céu e da terra (Jo 1:1) e que Ele é única esperança de salvação para o pecador arrependido. Caso contrário, o cidadão que não se arrepender e não crer no Evangelho (Marcos-Mc 1:15), a ira de Deus permanecerá sobre ele (Jo 3:36b) o que será um desfecho terrível para esse rejeitador da eternidade com Cristo.

Portanto, que esta semana santa sirva não apenas para as pessoas lembrarem-se do sacrifício, morte e ressurreição do Divino mestre, mas, principalmente, para conhecerem mais sobre a humanidade, divindade, eternidade, atributos e obra salvífica de Jesus Cristo, O Nazareno.

* O autor é estudioso e professor de Teologia Sistemática

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